Automação Inteligente, não AI

High tech não é mais exclusividade, e todos participam da Evolução Digital. Sim, você leu corretamente: Evolução. Posso soar prepotente agora, mas não gosto do termo Revolução Digital. Revolução gera aquela ideia de uma novidade, um salto, que não passou por um processo evolutivo minucioso.

Como se, por graças divinas, códigos de Machine Learning caíssem dos céus e desenvolvedores fossem açoitados por conhecimentos inéditos nunca antes conhecidos. Ora, não há advento, mas uma longa sequência de eventos acadêmicos, teóricos e práticos que, pasmem, teve seu início há algumas décadas.

Dada essa introdução, pouco amigável aos ouvidos mais treinados no palavreado dos deuses mainstream das soluções que envolvem Inteligência Artificial, vamos variar um pouco e abordar o conceito low tech.

Aliás, no tech: o que é um processo de negócio ineficiente? Como ele impacta as soluções de Automação Robótica de Processos (RPA)?

Para um gestor, certamente é aquele processo que demanda altos custos para a execução de um fluxo de tarefas com baixo valor agregado, ou mesmo, que apresenta um descompasso entre o retorno da execução daquele fluxo com os ganhos operacionais e estratégicos da empresa, independentemente do valor agregado do seu produto final.

Não há exclusividade. O que há de comum entre todos os processos é que eles mudam. Isso quando não precisam ser totalmente recriados. Essas mudanças são naturais, muitas vezes o processo do seu cliente mudou, os sistemas escopos mudaram, as suas demandas evoluíram. E isso pode ocorrer diversas vezes até que o processo inteiro encontre alguma estabilidade.

Então, no meio da correria do cumprimento de prazos e qualidade, criamos os tão indesejados “processos Frankenstein”: retalhos de procedimentos antigos concatenados aos novos, anexados a um controle em Excel de outra área, um exército de profissionais realizando controles descompassados, um pouco de alquimia e desfibrilação, e é desperto o monstrinho.

Sem mais delongas, já sabemos os resultados. Custos, erros, stress.

Até que é tomada a decisão de automatizar as tarefas, ao menos as de baixo valor agregado. Procura-se no mercado uma solução, preferencialmente um software. E, claro, propostas chegam rapidamente, com as mais diferentes abordagens de solução.

Mas surge um novo problema: comumente ocorre que cada software é integralmente, ou em partes, monolítico. Não há muita margem de adequação a custos razoáveis e, muitas vezes, as soluções de prateleira são incompletas para o objetivo final do processo de negócio em questão. Acaba que você passa uma maquiagem no Frankenstein e passa a achar ele um pouco menos feio.

Qual é a melhor solução neste momento? Investir ou derrubar o monstrinho e recriá-lo?

Difícil dizer. Mas posso afirmar que uma boa solução em automação, totalmente customizada, bem pensada e idealizada a partir de uma consultoria prévia de processos, pode ser a grande sacada.

Qualquer solução que envolva a robotização dos processos deverá necessariamente passar pela etapa inicial do Mapeamento dos Processos. Uma solução ideal contará não só com o entendimento do processo via mapeamento, mas questionará a utilidade e eficácia dos controles criados, avaliará a estruturação dos dados, promoverá a higienização de bases, analisará as exceções das regras, proporá novos controles e, por fim, tenderá sempre à simplificação dos procedimentos.

Evita-se, assim, que a alta complexidade do processo robotizado não impacte futuramente nos custos de manutenção e gere inatividade da solução devido à geração de bugs nas incrementadas aplicações e funções escopo.

A Automação Inteligente à qual me refiro no título não envolve a inclusão de módulos de Inteligência Artificial à automação para solucionar o problema. Não que não haja a possibilidade da sua utilização, que muitas vezes é eficaz e necessária.

Trata-se, no entanto, de automatizar com inteligência, compreendendo, de fato, as aflições dos gestores e operadores, promovendo uma solução que de fato simplifique a vida de quem se encontra no dia-a-dia do cumprimento de prazos e de qualidade. E não dá para fazer isso quando o processo em questão parece não ter início, meio e fim.

Caso este texto guarde alguma semelhança com a realidade da sua empresa, recomendo desde já um pensamento flexível quanto à adequação procedimental antes de qualquer implantação de uma força de trabalho robótica. E se, na sua percepção, os procedimentos da sua empresa não estão adequados, questione qualquer automatização que não proponha melhorias e simplificações prévias.

RPA pode ser a solução correta, mas é importante torná-la a solução ideal.

“When the complexity increases, the bug related issues go up. There are limitations to utilizing RPA software, in general, where sometimes you have business leaders who think something is a good process. Then, they ignore the technical advice to not move forward, or choose to. Thus, you’re left in a situation where you’re trying to automate a process that isn’t great for automation.”


Referências:

1 May 21, 2019, https://www.itcentralstation.com/product_reviews – avaliação de plataformas RPA por usuários, neste trecho, especificamente sobre RPA de forma geral.

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